Na última revista exame a matéria intitulada "Perda de Tempo", de Cláudio de Moura Castro, chamou minha atenção.
Destaco o trecho: "Ao fim da 4o série do ensino fundamental, mais da metade dos alunos continua funcionalmente analfabeta. Isso são fatos, não idéias. E as conseqüências deles estão aí para qualquer um ver: alunos despreparados, profissionais ineptos, sociedade e economia pouco competitivas em termos globais - pelo menos no que se refere ao longo prazo. Ainda assim, 70% dos pais brasileiros acreditam que a nossa educação é boa.
(...)
Há quase cinco séculos, o filósofo Francis Bacon afirmou ser a ciência ser a ciência uma vaivém entre as idéias e a observação do mundo. Sem olhar, descrever, contar e medir, as teorias pairam no espaço e jamais saberemos quem está certo. Essa visão é o cimento da ciência moderna. Infelizmente, na educação brasileira, o guru fala mais alto que a pesquisa rigorosa.
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Nesse país, na área de educação, a ideologia se sobrepõe à técnica.
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Como as escolas precisam preparar os alunos para o vestibular, há uma inundação de conteúdos - e, em consequência, não sobra tempo para a profundidade, aplicação e experimentação. As teorias estão distanciadas do mundo dos alunos, e os professores não dominam o assunto."
Pois é...senti isso na pele, especialmente no terceiro ano do colégio.
Os professores diziam a mim e aos meus colegas: "Vocês precisam decorar esse grupo de fórmulas para as provas do vestibular!" E eu me questionava: "Mas como os pesquisadores chegaram nessa ou naquela fórmula???" Jamais recebi qualquer explicação...
O colégio em que estudei se vangloriava porque possuía um excelente laboratório (constava no panfleto de divulgação, inclusive), mas NUNCA (durante os 3 anos em que lá estudei) fui nesse tal laboratório. Permanecia trancado as sete chaves e as professoras de química e biologia se limitavam a explicar o que estava descrito na apostila. No caso de biologia, a professora era desnecessária, bastava ser alfabetizado e ler a apostila.
Na faculdade, com algumas exceções, as aulas se resumiam a um blablabla sem fim. Muitas vezes a falta de vontade e preparo dos professores era transmitida aos alunos, que, conseqüentemente, impregnavam-se com o desânimo.
Lembro que certa vez, bem antes de iniciar meu projeto de monografia, conversei com uma professora de direito civil, interessada em fazer a pesquisa sobre um assunto ensinado em aula e, conseqüentemente, necessitava de seu auxílio. Pretendia realizar uma excelente pesquisa a longo prazo, estava animada! A professora desconversou, mostrou falta de vontade. Foi quando percebi que dificilmente encontraria o auxílio almejado.
Poderia ser uma excelente oportunidade para mim e para a tal professora, mas jamais saiu do papel. Uma pena...
Pois é...assim anda a educação brasileira, movida pela falta de vontade...
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